Antonio de Albuquerque
Sorrindo de alegria, num espaço sublime entre contos, encantos e poesias.
Capa Meu Diário Textos Áudios E-books Fotos Perfil Prêmios Livro de Visitas Contato Links
Menino Misterioso  I

 
 
Os familiares migraram para outra região em busca de sobrevivência, não levaram o menino e ele ficou sozinho vivendo naquele desabitado lugar, onde havia escassez de alimento e água. Sendo uma cidade abandonada por não haver ali condições de sobrevida para o homem. José era negro, tinha nove anos de idade, sendo este o retrato da fome; cabeça grande, corpo miúdo e macérrimo, abdome delatado, denotando profunda anemia. Sua vida tinha gosto amargo de solidão, sendo a imagem da dor. Mas, o menino tinha olhos galantes que transmitiam uma boa energia em profusão, sendo considerado por quem o observava como um menino misterioso, visto que com essa idade escrevia, contava e falava de coisas que o povo desconhecia. Ao raiar do novo dia na alegria natural das manhãs com o Sol dourando a Terra José despertou chamando pelo pai, mãe e irmãos e tristemente julgou estar sozinho. Mas, José não estava desamparado, pois como tal não sentia e o primeiro pensamento foi perdoar a quem o abandonou.

Parecendo caminhar com um destino incerto o menino andava em volta do povoado investigando a existência de algo para se alimentar, mas só encontrou objetos velhos jogados ao leu, cercas destruídas, carcaças de animais, barreiros secos, lagartos, cobras e cachorros morrendo de fome que haviam sido deixados para trás, tal qual fizeram com ele, mas continuou procurando uma solução para o imbróglio que surgiu em sua vida de menino inocente, e finalmente encontrou algo verde, um mandacaru, planta comum nos sertões, sorveu a água de suas palmas, saciou a sede, achando mais doce do que mel de Sapoti, vencendo, assim, a primeira batalha e transformou uma velha tapera em sua morada. Na Imaginação de criança, José pensava a todo instante transformar aquele lugar num vergel pleno de flores, e assim alguns dias se passaram e José sentia saudade dos afagos e beijos de sua mãe que havia partido.

A tarde veio surgindo suave tal voo de andorinha com cheiro de saudade, e longe se podia ouvir o canto da acauã, sinal de vida e encantamento no sertão, com árvores desfolhadas pela seca, pequenos calangos bulindo entre arbustos secos a beira da rua poeirenta moldura de um cenário tristonho, mas José encontrou alguns roedores perdidos nos lajedos em torno do lugar e deles fez sua primeira refeição. A água para beber, o mandacaru foi à fonte e a solução. Certificou-se da ausência de repteis, tipo cascavel, lacraia em volta da tapera. A tarde despediu-se deixando saudade e a noite chegou suave tal lufada de cruviana. Exausto o menino deitou na varanda da casa velha destelhada e repousou o corpo sofrido.

Tinha os olhos pejados de lágrimas e o pensamento viajando por distantes lugares vindos à sua imaginação, certamente, formas e acontecimentos guardados em sua rica memória. José desconhecia a razão de tudo o que vivenciava. Era noite e a Lua surgiu meiga e serena entre astros e estrelas formando um céu enfeitado de Luz clareando as ramagens secas do sertão, O bater do coração de José se transfigurou em alegria perfeita, quais flores da primavera, e o menino sonhou os mais lindos sonhos que a natureza lhe ofertou.

Agora, José contemplava um belo cenário enxergando coisas que nunca imaginou existir. Uma cidade sertaneja linda, tendo uma bonita praça e um jardim ao centro, uma fonte d’água cristalina e um arco-íris com lindas cores, e cascatas de luz se espargindo por todos os lugares, ruas calçadas com pedras de cristal e alegres animais se alimentando nas cocheiras reluzentes, ouviam-se belíssimos acordes de músicas eruditas de sons divinais. Passeando pelas ruas, mulheres, homens e crianças transitavam sem parecer pisar no chão clareado por uma luz branca qual a neve. Toda a cidade recebia o clarão da Lua que do espaço prateava a cidade enfeitada. As casas estavam em simetria mostrando adiantada arquitetura e José, passeando entre as pessoas encontrou seus familiares e juntos sentaram para conversar coisas da vida no sertão e desfrutaram de uma farta mesa de frutas, mel de abelha e agua puríssima colhida numa fonte natural. E, Neste instante um homem se apresentou para falar-lhes explicando que estas belezas aqui enxergadas sempre existiram, mas para vê-las o homem precisa entender os segredos e mistérios do Criador e compreender a força do Universo que por ela o homem é guiado sob suas Leis naturais e imutáveis.

Estamos noutra dimensão enxergando  além do que compreendemos em decorrência de estarmos presos a esse corpo de matéria altamente densa, mas quando entendermos que somos espíritos imortais guiados pelas Leis universais da causalidade, atração, pensamentos, sentimentos, sendo estes materializados na construção do nosso Ser, usando como ferramenta o amor, perdão e conhecimento e a Justiça, poderemos entender os mistérios da vida, da morte que é apenas uma mudança e descobriremos, então, nossa origem, destino e a razão de estarmos no Planeta, transformando, então, nossa passagem pela Terra, numa extraordinária experiência única, entendendo que pelo pensamento materializamos o que precisamos construir. O homem e o menino se integraram a luz e de mãos dadas formaram um circulo viajando pelo infinito Universo.
Antonio de Albuquerque
Enviado por Antonio de Albuquerque em 19/05/2018
Alterado em 27/10/2020
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.