Antonio de Albuquerque
Sorrindo de alegria, num espaço sublime entre contos, encantos e poesias.
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Cupuaçu Nosso Irmão
Antonio de Albuquerque

 
No quintal do Tapiri aonde eu moro tem um pé de Cupuaçu e Teodoro, o homem que cuida do quintal insiste pedindo para cortá-lo, argumentando que ele está muito velho e nada mais produz. Digo que pensarei no assunto e assim, o tempo vai passando e o cupuaçuseiro ficando no seu lugar. Teodoro afirma que apesar desse cupuaçuseiro ser uma árvore frondosa, bonita, tem pouca fertilidade, chegando a produzir um só fruto em dois anos. Sei que isso é pouco, mas também sei que ele já deu muitos frutos, e ainda entendo que ele tem muita serventia, porque sombreia as plantinhas menores que se defendem do calor intenso nas horas mais quentes do dia, e ainda tem mais; nos galhos dois passarinhos fizeram sua morada, um bem-te-vi e um Japiim que para melhor se entenderem, o bem-te-vi mora no alto e o japiim na parte mais baixa do Cupuaçuseiro. Assim, os passarinhos vivem em completa harmonia, sendo isso um bom exemplo para quem presta atenção.

Algumas vezes quando de manhã desperto olhando pela janela me enlevo com o verde da árvore e o cantar fagueiro dos dois pássaros enchendo meu coração de contentamento, pintando na tela da Natureza um amanhecer de alegria natural das manhãs risonhas de ternura e saudade, compreendendo que aquele cenário representa a vida que me faz sentir a emoção grandiosa de tudo que já vi e senti, e, também me faz lembrar que o cupuaçuseiro no passado já produziu muito mais fruto, não achando justo cortá-lo só porque envelheceu, e também por ele ser parte de todo esse cenário que a Natureza me permite contemplar todos os dias admirando esse pequeno vergel de indizível felicidade. Preciso, sim, é tratá-lo com mais amor, colocando água e nutrientes em seu pezinho, para ampliar sua vida, deixando-o à vontade para dar fruto ou não.

As criaturas, sejam, pessoas, animais ou árvores, necessitam de carinho para continuar compondo as belezas ao longo da vida. Às vezes elas querem apenas um pouco de atenção, assim, tornando-se permanentes parceiras do homem. Quem ainda está na Terra é porque tem alguma coisa para dar ou receber, colhendo o que plantou, sejam espinhos ou flores, e os que ainda não tiveram o privilégio de envelhecer, precisam auxiliar o outro a colher o fruto do plantio, estendendo-lhe a mão, para efetuar a colheita, porque todos têm algo a colher, conforme a Lei universal da causalidade.

 
Então, não é bom desamparar o outro, o mais velho, seja quem for; plantas, animais ou pessoas, visto que no passado já ofereceram sua parcela de contribuição na construção do ser, na efêmera passagem pelo Planeta, e, assim sendo, ainda têm a ensinar; a árvore, alimentando o homem, sombreando e alegrando seus olhos, os animais, mostrando a serventia, humildade  lealdade, e o homem indicando que aprendeu a amar o outro em toda a sua complexidade. Enquanto reflito com relação a essa realidade, o cupuaçuseiro vai ficando em seu lugar, mostrando que ainda tem muito para dar e receber.
Antonio de Albuquerque
Enviado por Antonio de Albuquerque em 04/08/2018
Alterado em 05/08/2018
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