Antonio de Albuquerque
Sorrindo de alegria, num espaço sublime entre contos, encantos e poesias.
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Antonio de Albuquerque 
Imprevisto em Cartagena 

 Vitor e sua tripulação do veleiro caranguejo regressavam de uma viagem pelo Mar do Caribe, quando receberam a missão do governo colombiano para resgatar de Cuba para Catagena um casal com algumas complicações de Estado. Era manhã quando Vitor e seus companheiros passaram pela alfândega, seguindo para o hotel, antes, foram ao consulado brasileiro prestar esclarecimentos e entregar oficialmente o casal.  Os diplomatas asseguraram que estariam em segurança. E, assim, Vitor imaginou que sua missão havia terminado dizendo para sua tripulação que a missão estava concluída. Mas, será que o perigo havia terminado mesmo?

Até ali tiveram uma viagem repleta de aventuras; ilhas paradisíacas e encantadas que surgiam no meio do mar, lutas com quadrilhas internacionais, enfrentamento e morte de bandidos, e navios piratas do século dezesseis. Será que Cartagena seria diferente? Uma das cidades mais bonitas da Colômbia, possui uma arquitetura colonial com quatrocentos e cinquenta anos; tem belas casas adornadas com azulejos centenários,  praças com cafés em estilo europeu, fortes e castelos centenários. Tem montanhas cobertas de palmeiras e uma paisagem fascinante. Povo acolhedor e mulheres belíssimas, cidade histórica, aonde viveu o escritor Gabriel Garcia Márquez, prêmio Nobel de literatura.
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Vitor comunicou que em companhia de González e Massumi iria até a área portuária para inspecionar a manutenção do veleiro, depois visitaria o centro histórico da cidade e logo à tarde estaria reunido com os demais para o almoço. ─ Eu e minha filha gostaríamos de acompanhá-los, disse Herrera. ─ Será um prazer tê-los em nossa companhia, respondeu Vitor. Em seguida o grupo se dividiu, acertando que às primeiras horas da tarde, se encontrariam numa casa de chope. Vitor, Massumi e Gonzalez seguiram para a área portuária depois voltaram ao centro no lugar do encontro onde Herrera e Josefina estavam. Agora eram cinco companheiros e enquanto aguardavam o restante, Massumi adiantou: ─Vamos beber um chope enquanto aguardamos nossos companheiros. Todos concordaram e, numa boa conversa aguardavam a outra parte do grupo que chegaria a qualquer momento. entretanto foram abordados por dois policiais solicitando suas identificações. Os três brasileiros haviam deixado os passaportes no hotel, no entanto se prontificaram a ir buscá-los na recepção do hotel.

Os policiais argumentaram que não poderiam esperar, visto que, tudo seria resolvido no distrito policial para onde foram convocados a comparecer. Josefina e Herrera também teriam que acompanhá-los. Vitor argumentou sobre um tratado existente entre Brasil e Colômbia com relação a documentos, mas os policiais se negaram a aceitar. Os policiais se mostravam cordiais, mas determinados no que queriam, Vitor percebeu algo estranho no comportamento deles; a maneira de andar e conduzir a arma no coldre, cujo modelo não correspondia às tradicionais usadas por policiais da Colômbia. Entraram na viatura que se afastou velozmente circulando por uma grande avenida por dez minutos.

Ao se distanciarem do centro Josefina chamou atenção dos policiais, pois conhecia bem a cidade e eles não lhe deram ouvido e Vitor concluiu que se tratava de sequestro. Josefina insistiu pedindo-lhe uma explicação e ele lhe apontou uma arma dizendo para ficarem quietos. A moça sentindo que Vitor reagiria, fez sinal e ele recuou. Ela conhecia a cidade e a essa altura sabia que um sequestro estava em curso. Numa região montanhosa o carro subia em alta velocidade. Mesmo aflito o grupo buscava tranquilidade, um homem mantinha a arma apontada para o grupo e Vitor estudava seus movimentos para num primeiro descuido agir. Desarmados, Vitor e seus companheiros eram reféns de sequestradores, não havia mais dúvida, mas o trio já havia se encontrado em situações mais difíceis ─ Deixe de apontar essa arma para nós, não vê que estamos desarmados, disse Vitor─ Cale a boca ou quebro-lhe os dentes com a coronha dessa arma, disse o homem mal-encarado.

Permaneceram em silêncio até que o homem parou o carro e um portão duma mansão se abriu. Ali mesmo os prisioneiros foram algemados e levados à presença de um homem que foi direto ao que queria dizendo: ─ Sei quem são vocês, sei também que deram cobertura ao escritor Antonio Herrera para que fugisse de Cuba. Por ajudar criminosos inimigos do estado já merecem morrer, mas serei benevolente com todos desde que o professor me informe o paradeiro do projeto de defesa que ele sabe o que é, e onde se encontra. Revele-me o código do sistema de defesa cubano. Diante disso talvez não mate todos vocês, pelo menos um ficará para contar a história. ─ Aviso aos senhores que não sou paciente ─ Nada sei do projeto e dos códigos que você fala, pois eu era um simples funcionário do governo cubano e, nunca tive acesso a documentos sigilosos, adiantou Herrera. O meliante sorriu aproximando-se de Herrera e esbofeteou-o com violência. Massumi acertou uma pernada no bandido, mas foi contido com uma coronhada na cabeça. Novamente o homem parecendo ser o chefe da quadrilha, dirigiu-se ao professor dizendo: ─ Herrera lhe darei alguns minutos para pensar no assunto, você sabe o que eu quero, não me passando às informações, vou matá-los um a cada dez minutos.

O primeiro de vocês a ser executado será sua filha a senhorita Josefina, isso abrirá sua memória, disse o bandido, acariciando o rosto da moça. Estamos entendidos? Sei que se comportarão bem porque demonstraram inteligência ao tirarem do território cubano esse professor maluco, disse o homem. Com tapas e empurrões foram colocados numa cela. Vitor procurava traçar um plano de ação. ─ Que faremos? Temos poucos minutos, disse Massumi. ─ Prestem atenção no que vou fazer, calmamente disse Josefina. ─ Tenham cuidado, eles são muito perigosos, advertiu Vitor. ─ Vai dar certo, confie em mim, respondeu a moça.

Um sujeito mal-encarado com uma pistola, guarnecia a porta da cela. A casa estava localizada entre  montanhas onde jamais alguém ouviria um grito ou um tiro. Josefina pediu ao bandido, água para beber. O sujeito maliciosamente disse que ela poderia beber, mas teria que ir com ele buscar a água. Ela aceitou, pois tinha um plano. Vitor percebeu e ficou observando, mas sem esperança porque ela era apenas uma professora, não tinha experiência nessa área, pensava ele.

O vagabundo abriu a cela e com a arma na mão se afastou com Josefina que se mostrou provocante, mostrando seus volumosos seios, sorrindo para o homem. Minutos depois ouviram pancadas surdas e depois um tiro e passos apressados. Era Josefina com a arma na mão direita e um rolo de chaves na outra que logo jogou para dentro da cela. A estranha e pacata professora havia matado dois homens e já estava de posse das chaves da cela, das algemas e de duas pistolas. A batalha sangrenta apenas começara e ela já havia mandado dois criminosos queimar no inferno, e certamente não seria o inferno de Dante Alighieri.

Vitor, pensava na frágil professora, as mulheres são maravilhosas, quando menos se espera elas nos surpreendem. Vitor abriu a cela e saiu com os companheiros, deixando o professor escondido dentro. Ele recebeu uma pistola e rapidamente afastou-se para a outra margem do corredor. Homens armados e vexados corriam pelos corredores e outros se protegiam atrás das colunas. Massumi e Gonzalez sabiam lutar e aguardavam a aproximação de algum criminoso para tomar-lhe a arma. Na outra ala ouviam-se passos apressados e homens falando alto.

Na porta dois homens surgiram e, antes que disparassem suas armas, Vitor os atingiu com uma rajada de tiros e os dois caíram em pedaços. Vitor manteve-se deitado, enquanto os outros rastejando procuraram se aproximar das armas caídas. Josefina Rolando de um lado para o outro, disparava sua arma procurando acertar alvos no fim do corredor. Vitor e os companheiros estavam em visível desvantagem, pois homens armados surgiam de todas as direções, a luta se mostrava extremamente sangrenta. Vitor atirando deu cobertura e Massumi que se apossara de uma arma a fez rolar até Gonzalez que passou a atirar protegendo a porta da cela onde se encontrava Herrera, alvo que os bandidos queriam a todo custo.

Josefina atirou na direção da outra ala surpreendendo dois homens que foram baleados, mas um terceiro conseguiu acertar Gonzalez que caiu sangrando. O outro ganhou espaço e veio atirando, porém, sua munição acabou como também da arma de Josefina que se jogando sobre o homem, tirou-o de combate com um golpe de caratê e o fez ficar na linha de tiro, ordenando: ─ Mãos na cabeça se levantar o corpo será um bandido visitando o capeta. As balas ricocheteavam por todos os lados. O homem reagiu e foi baleado entre os olhos pela segura pontaria de Vitor que. Vitor e seus companheiros procuravam a todo custo ganhar espaço e dominar a situação. González ficou na retaguarda guarnecendo Herrera e, portanto, seus companheiros não se afastavam.

Os companheiros recuaram e se posicionaram próximos à porta da cela, prontos para atirar em três direções. Vitor e Josefina haviam recolhido algumas armas e agora os quatro estavam bem armados. Na parte externa da mansão já se ouviam disparos; era a polícia que acabara de chegar, e com seus homens dominava a parte exterior da casa, desarmando e algemando alguns que ainda tentavam resistir. Muitos bandidos estavam fora de combate, feridos, desarmados ou mortos. Ouviam-se muitos gritos de dor, uns ainda se debatiam, um reforço policial e ambulâncias já estavam a caminho, mas alguns homens continuavam tentando fugir escalando um muro de cinco metros, alvo fácil para os policiais baleando-os nas pernas.

Vitor pediu a Josefina que assistisse Gonzalez que, mesmo baleado mantinha nas mãos, duas pistolas com carregadores cheios. Josefina, correndo chegou até o ferido, fez uma compressa sobre o ferimento e manteve-se a seu lado. A luta chegara ao fim, no entanto, surgiu na frente de Vitor o chefe da quadrilha. ─ Jogue a arma no chão, disse o criminoso. Vitor jogou e o criminoso apontando-lhe a arma na cabeça, ordenou: ─ Mande sua gente largar as armas. De repente o bandido deixou a arma cair e, em sua testa apareceu um filete de sangue, suas pernas dobraram, ele tombou e sem passaporte seguiu para o inferno.

O delegado havia mirado em sua cabeça e num breve descuido do bandido o homem da lei atirou e o criminoso despediu-se desse mundo. Os tiros cessaram e num silêncio de cemitério alguém gritou o nome de Josefina: Vitor gritou dizendo: ─ Josefina está ferida. Com ligeireza o delegado se apresentou com seus homens, dizendo: ─ Baixem suas armas, os bandidos estão dominados, sou o delegado Gimenez da Interpol, e correndo se aproximou de Josefina. Ela sangrava, mas fora de perigo. Logo a ambulância chegaria com os primeiros socorros. Uma bala havia atingido o tórax do capitão González que apesar de sangrar não parecia tão grave, o petardo havia atingido de raspão sem perfurar seu corpo. A luta contava um saldo de onze mortos, e dezesseis feridos e vinte presos, havia sido uma batalha sangrenta com três policiais feridos, dois civis do grupo de Vitor e infelizmente um homem da lei havia passado dessa para outra. ─ Grato por ter salvado minha vida, disse Vitor. ─ Eu é que lhe devo muita gratidão. Na manhã seguinte Vitor recebeu a visita do delegado acompanhado por Josefina e seu pai.

Pareciam outras pessoas; ela com mais desenvoltura e ele com um porte mais altivo. Foram apresentados pelo delegado que se dirigindo a Vitor, disse: ─ Quero apresentar os agentes da INTERPOL, Josefina e Antonio Herrera,  são agentes infiltrados. Herrera é realmente escritor, mas também policial da melhor estirpe. Josefina é professora na universidade e também uma excelente policial amante desse país. ─ Respeitável delegado como souberam que havíamos sido sequestrados? Perguntou Vitor. ─ Somos bem-informados. Agora a tripulação do Caranguejo estava livre para voltar ao mar, do Caribe, mas será que não teria alguma surpresa com seus infinitos mistérios? Só velejando descobririam.
Antonio de Albuquerque
Enviado por Antonio de Albuquerque em 31/08/2018
Alterado em 28/08/2019
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