Antonio de Albuquerque
Sorrindo de alegria, num espaço sublime entre contos, encantos e poesias.
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Flor Encantadora

Antonio de Albuquerque

Numa esquecida região nos confins do sertão, num lugarejo de uma só rua, existia uma comunidade muito carente. De real valor eles possuíam uma pequena igreja e uma escola que há muito não funcionava. Certo dia, apareceu um homem do governo intimando-as a mudarem-se do lugar porque a seca ainda se prolongaria por anos e não havia recursos para assisti-las; elas se negaram a sair, pois amavam aquela terra, lugar que haviam nascido, outrora muito bonito e próspero e também porque não tinham para onde ir. O alimento era escasso, mas ainda encontravam, para saciar a fome, frutos de mandacaru, chichic e roedores, (ratos) encontrados nas pedras de uma montanha, aonde também existia uma pequena fonte d’água, quase secando. Eram poucas pessoas e viviam como se fossem uma só família. O alimento e a água encontrados dividiam entre todos. Dessa forma, esperavam dias melhores com a chegada da chuva.

Entre as crianças existia uma menina denominada Flor, cuja mãe havia falecido quando ela nasceu e o pai era desconhecido. Com carinho, essa menina foi criada pela comunidade e tinha cinco anos, falava bem com as pessoas e quando à noite, se reuniam, ela contava histórias engraçadas e aconselhava os adultos, e às vezes falava palavras em idiomas desconhecidos. Sendo uma criança diferente, negra de olhos verdes, dotada de uma beleza indescritível e muito amada pelas pessoas do lugar, até porque ela rezando curava as pessoas com plantinhas encontradas no alto da montanha. Quando ela subia a montanha acompanhada por um adulto em busca de plantinhas, era admirada por causa do seu corpinho macérrimo caminhando descalça parecendo não tocar no chão.

Passado algum tempo a água estava racionada e o pouco que colhiam na fonte era divido entre todos. Vendo a situação das pessoas, quase sem água para beber, certo dia a menina se afastou por algumas horas e depois voltou convidando algumas pessoas para acompanha-la levando ferramentas para cavar um poço. Ela indicou o local, cavaram e a água jorrou em profusão. Houve muita alegria e fizeram bom uso da água. Correu a história no sertão e pessoas começaram a chegar em busca do benefício da água. Algum tempo depois, houve uma enfermidade entre as pessoas e a menina distribuiu a água curando os enfermos. Não encontrando um melhor jeito de agracia-la pelo seu trabalho, começaram a chama-la de Flor encantadora e lhe fazendo todo tipo de pedido e apesar de ela pedir para não considerem aquele título para ela, o povo continuou a idolatrá-la. Mas ela sempre se esquivava dizendo que tudo que ela fazia era natural, no entanto prometeu um dia presentear a todos com algo que eles mais necessitavam para viver bem.

O lugarejo acordava, as casas pareciam taperas, a poeira levantada pela brisa da manhã tingia de terra vermelha os casebres em ruinas, pessoas pela primeira vez no dia abriam as janelas tendo semblantes de tristeza e sofrimento pela falta de perspectiva, algumas crianças tristes, caminhavam em busca do nada, parecendo que a esperança havia se esvaído.

Flor se encontrava em frente a igrejinha contemplando o lugar, o Sol despontava e se escondeu atrás das nuvens escuras que se formavam, relâmpagos cortavam o céu, os pingos d’água se espargiam sobre a terra seca, as pessoas se aglutinaram em volta da Flor e ela se desprendendo de todos, na chuva torrencial se integrou. A terra ficou molhada e a água se espargindo pelos córregos, riachos e rios, formando lagos, transformou o lugarejo num vergel pleno de flores, aroma e esplendores, tornando a alegria e a felicidade perene para seus habitantes!

 
Antonio de Albuquerque
Enviado por Antonio de Albuquerque em 17/09/2018
Alterado em 20/09/2018
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