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Antonio de Albuquerque
Encontrando a Paz
Era madrugada, a Lupunamanta ainda brilhava no céu e eu já estava na estação do Rio Negro adquirindo um bilhete num barco para visitar uma Ilha em Anavilhanas. Na mochila coloquei alguns objetos e abracei a viagem sem pensar nas coisas exaustivas que enfrento na cidade durante a semana. O Sol brilhante, despontava numa manhã de gargalhadas de luz dourada. Pássaros bailavam sobre as praias de areia alva do caudaloso Rio Negro, garças suavemente pousavam nas encantadoras praias, buscando alimento e mergulhões imergiam de bico no rio, pescando pequenos peixes. No alto do beiradão, se destacavam nativos Tapiris, morada de ribeirinhos. A suave brisa da manhã risonha afagava meu rosto carente de paz e tranquilidade. Ao descer da embarcação penetrei numa reserva ambiental que os nativos denominam de “Ilha dos tucanos” em homenagem a uma tribo dessa etnia que ali habitou.
Na trilha, após longa caminhada entre a selva densa, sororocas, palmeiras, Igapós, igarapés, riachos e cachoeiras, parei observando uma exuberante Castanheira caída, cruzando a trilha. Em pé ela mediria cem metros de altura, mas na floresta é assim, naturalmente as coisas se renovam. Um pequeno Igarapé, corria suas águas cristalinas por baixo da árvore caída. Lindos peixinhos coloridos nadavam sem dar a menor importância a minha presença. Apurando meu olhar na floresta, identifiquei belíssimas árvores, entre tantas, Imburana de Cheiro, Pau D’arco, Mulateiro, Massaranduba, Caranapauba, Samaúma e tantas outras. Nos galhos das árvores escutei uma bela sinfonia de cânticos da passarada; Tucanos, Sabiás, Bem-te-vis, Sanhaçus, Patativas, Arapongas e Azulões. Despertei o olhar para um Sauim que me olhava sem a menor cerimônia e um beija-flor colhendo o néctar de uma roseira que eu nem havia notado. Embasbacado eu estava, com tanta beleza e mergulhei num Igarapé de água cristalina e areia branca qual a flor do alecrim.
Na água permaneci por horas em completa concentração, escutando o som da floresta, sentindo sua poderosa força, e recordando, sofri, chorei, sorri, senti alegria, felicidade e conversei com Deus. Percebi que o Sol declinava e a floresta escurecia. Armei a cabana, fui para dentro, e no aconchego novamente escutei o som da floresta com os pássaros e animis da noite. Fiz uma pequena refeição, bebi água da Samaúma e adormeci na paz da correnteza do Igarapé. Por onde fui voltei, e na praia do rio embarquei de volta à cidade.
O barco vinha lotado de turistas de diversas nações. Abraçados, alegres e felizes cantavam, afinal eram todos irmãos e alguns nem sabiam. Eu também os abracei e cantando exclamei: Ah! Se o mundo fosse um barco onde todas as pessoas se considerassem irmãos e iguais. E assim, sem distinção, a paz e harmonia reinasse entre todos! Aí, não teríamos fronteiras, exércitos, policias, porque todos se amariam.