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Antonio de Albuquerque
A Passagem
É madrugada, algumas estrelas brilham no céu, caminho pela Bolevard Álvaro Maia, enxergando o clarão do dia. Logo vem amanhecer. O movimento de carros é pouco. Na outra pista, sob bouganviles pessoas passam pedalando em suas bicicletas. O dia vem amanhecendo, nem mais vejo a Lupunamanta no céu. Observei colibris colhendo o néctar das flores e borboletas brancas e azuis enfeitando as cajaranas no vergel, tão bem cuidado que me causa admiração.
Uma borboleta azul me fez recordar sua cor predileta e também me lembrei que aqui estivemos passeando com os meninos, faz tanto tempo! Nossa despedida foi tão longa que tive tempo de aprender a ter coragem, com você. Foram tantos anos e você sabia da proximidade de fazer a passagem e eu nem queria admitir a possibilidade, e se em algum momento você falou, eu nem tive coragem de lhe dizer a verdade que você já sabia.
Juntos construímos tantas coisas que se multiplicaram e viajamos juntos por tantos lugares que para mim já perderam o brilho. Eu e os meninos, às vezes evitamos falar em você, porque a saudade é tanta que choramos juntos, e sabemos que você não nos quer ver tristes. Às vezes eu sinto você tão perto me dizendo para eu ter paciência que um dia, novamente nos encontraremos e eu acredito que sim, e aí poderemos fazer tantas coisas diferentes, sendo mais pacientes e tolerantes.
Hoje, sinto muita saudade da sua amizade e do seu carinho. O Sol vem nascendo com os raios dourando as flores dos bouganviles, as flores parecem você sorrindo de alegria naqueles momentos felizes que passamos juntos.
Caminhando, voltei ao estacionamento onde deixara o carro, ciente que a vida na Terra é apenas uma breve passagem, sob a Lei absoluta da causalidade.