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Antonio de Albuquerque
Casa Velha
Num belo vale perdido no silêncio da solidão
Nos confins do imenso sertão de sonho e encanto
Vestido de esperança e mistério eu vivia quando menino
Meu ídolo era meu pai e meu grande amor minha mãe
O Sol a Lua e as estrelas me inspiravam a viver e amar
Ali eu sentia a emoção de viver num mundo encantado
Minha singela casinha era de tijolo aparente e alpendre
Junto a ela, o curral dos animais com porteira e tramela
A oeste o lugar das cabras leiteiras, sombreado por aroeiras
O amanhecer quando o Sol dourava as manhãs era milagre
E quando Ele se despedia se escondendo por trás da serra
Também era um misterioso prodígio que eu procurava entender
Com olhos rasos d’água temia não mais vê-lo voltar no outro dia
Nas noites escuras contemplava o céu coroado de estrelas e astros
Àquele cenário era meu venerável mundo de sonhos e encantos
Quais melodias trazidas pela brisa das manhãs de Sol dourado
Conduzir as cabras à montanha era minha tarefa todos os dias
O caminho vermelho era enfeitado com flores de Ipês amarelos
E a estradinha atapetado de arbustos verdes e flores coloridas
Besouros, ambuás e calangos atravessavam a estradinha carmim
Às vezes parava o olhar fitando o bailado das borboletas multicores
E os calangos verdes olhudos correndo das patinhas das cabras
Eu, menino alimentava um sonho, conhecer a antiquíssima casa
Abandonada no caminho da montanha, morada do desconhecido
Enorme desafio para minha imensa expectativa e curiosidade
Uma casa centenária e misteriosa na estrada que conduzia
À montanha, abrigo misterioso das cabras guiadas por mim
Sob meu aboio, caminhavam com berros característicos
Somente eu sabia o melhor jeito de conduzi-las, seguro
Até que um dia resolvi entrar na casa velha desafiando
O bom senso e os sábios conselhos de minha querida mãe
Guiado pelas notas de um piano sonorizando uma canção
Adentrei, me deparando com um imenso salão adornado
Com castiçais e coloridas velas acesas, sobre uma mesa
De jacarandá, e taças com vinho tinto em copos de cristal
No alto e no centro do salão um brilhante lustre de cristal
Sentada numa sóbria cadeira dourada, elegante e bela senhora
Deu-me as boas vindas e seu porte lembrou-me com clareza
Da minha querida mãe, e alegre não senti medo nem pavor
E recebendo uma sublime energia me coloquei em seus braços
Ouvindo sua voz verbalizando; Sim, sou sua tia Elizabeth
E contou-me a história verdadeira da tragédia ali acontecida
Falou em segredo como enviando uma mensagem para minha mãe
O clarão foi esmaecendo o piano e os castiçais desapareceram
Minha tia Elizabeth despediu-se e eu fiquei contemplando
O velho casarão, sem o cenário apresentado, sentindo vontade
De esclarecer toda a visão em detalhes para meus pais
Informando tudo com precisão, na minha volta para casa
Eles nada contestaram ou colocaram em dúvida
E mantivemos em sigilo enquanto eles estavam em matéria.
Antonio de Albuquerque
Enviado por Antonio de Albuquerque em 31/01/2020
Alterado em 31/01/2020
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