No Rio Negro a minha Aldeia
sou índio de encanto ancestral,
faço-me sol, lua e estrela guia ...
Sou água, florestas e mistérios,
no meu pensar surgem encantamentos,
canário, sabiá ou gorjeio do uirapuru
Escuto o zoar contínuo da cachoeira,
a piracema dos peixes em reprodução,
e a correnteza singrando para o Mar...
Volvendo, no sereno, eu doce orvalho,
nos encantos, a boniteza da flor do Ipê!
Fazendo-me lua cheia em aquarela!
Sou flor que se abre no raiar do sol,
nas cores do entardecer em arrebóis,
bailo sobre ouro, nióbio e esmeraldas...
Na Aldeia danço, canto, rimo e sou poesia,
amando a fauna e a flora de eterno vigor
arco-íris seiva das belezas da vida,
À sombra da Samaúma, nas noites prateadas,
o espírito liberto pulsa forte em inspiração,
e nascem os poemas do céu das poesias.